A energia eólica offshore representa uma das maiores oportunidades para diversificar a matriz energética brasileira, segundo o administrador de empresas Fernando Trabach. Com ventos mais constantes e intensos no mar do que em terra firme, esse modelo pode ser decisivo para o Brasil alcançar suas metas de descarbonização e segurança energética nas próximas décadas.
A combinação entre uma extensa costa marítima e um crescente interesse em fontes limpas torna o Brasil um candidato estratégico para o avanço da energia eólica offshore. No entanto, ainda existem obstáculos que precisam ser superados para que o país transforme esse potencial em realidade.
O potencial brasileiro para energia eólica offshore
O Brasil possui mais de 7 mil quilômetros de litoral e uma das maiores zonas econômicas exclusivas do mundo, o que o coloca em posição vantajosa no desenvolvimento de energia eólica no mar. Estudos indicam que o potencial técnico brasileiro pode ultrapassar 700 GW, o que representa várias vezes a capacidade instalada atual de toda a matriz elétrica do país.
Além disso, os ventos em alto-mar são mais estáveis e com menor variação sazonal, o que favorece a geração contínua de energia. Esses fatores técnicos, aliados ao avanço da tecnologia de turbinas flutuantes, reduzem cada vez mais os custos de implantação. De acordo com Fernando Trabach, o Brasil pode se tornar um dos principais players globais nesse segmento, desde que estabeleça marcos regulatórios claros e atraentes para investidores.
Outro ponto importante é a proximidade de áreas com grande demanda energética, como os litorais do Sudeste e do Nordeste. Isso facilita a integração da energia gerada offshore ao sistema elétrico nacional, reduzindo custos de transmissão e perdas na distribuição. Com incentivos adequados, o setor pode se desenvolver de forma acelerada e com impactos positivos para a economia e o meio ambiente.
Principais desafios para o desenvolvimento da energia eólica offshore no Brasil
Apesar do enorme potencial, o Brasil ainda enfrenta desafios estruturais e regulatórios para consolidar a energia eólica offshore. A ausência de um marco legal específico para esse tipo de geração dificulta a segurança jurídica dos projetos. Investidores dependem de autorizações demoradas e burocráticas, o que desestimula a entrada de capital estrangeiro no setor.

A infraestrutura portuária é outro gargalo. A maioria dos portos brasileiros não está preparada para receber componentes de grande porte, como pás e torres eólicas. É necessário investir em modernização e logística especializada para viabilizar projetos em larga escala. Conforme Fernando Trabach, a integração entre o setor público e privado será essencial para eliminar esses entraves logísticos e operacionais.
Além disso, é fundamental desenvolver mão de obra qualificada e fomentar a pesquisa nacional em tecnologias de turbinas flutuantes. O Brasil ainda depende de equipamentos importados, o que aumenta os custos e a vulnerabilidade do setor. Criar políticas de incentivo à produção nacional pode ser uma estratégia eficaz para gerar empregos e reduzir a dependência externa.
Caminhos para viabilizar a energia eólica offshore no país
O primeiro passo para viabilizar a energia eólica offshore no Brasil é estabelecer um marco regulatório robusto, que ofereça segurança jurídica e previsibilidade aos investidores. O governo federal já iniciou consultas públicas e está em processo de definição de regras claras para a concessão de áreas marítimas. Isso representa um avanço importante para destravar o setor.
Incentivos fiscais, linhas de crédito específicas e parcerias público-privadas também são estratégias eficazes para impulsionar os primeiros empreendimentos. A criação de hubs tecnológicos em regiões costeiras pode ajudar na formação de especialistas e na geração de inovação nacional. Segundo Fernando Trabach, o Brasil deve olhar para os exemplos bem-sucedidos da Europa, adaptando-os à realidade local com foco em competitividade e sustentabilidade.
Por fim, a participação da sociedade civil e a análise de impactos ambientais devem fazer parte do processo desde o início. O crescimento da energia eólica offshore precisa estar alinhado com a preservação dos ecossistemas marinhos e com o diálogo com comunidades costeiras, garantindo que o desenvolvimento seja inclusivo e responsável.
Considerações finais
A energia eólica offshore oferece ao Brasil uma oportunidade estratégica de consolidar sua liderança em energias renováveis. Com vasto potencial técnico e geográfico, o país pode se destacar globalmente nesse mercado. No entanto, Fernando Trabach frisa que o sucesso depende da superação de desafios regulatórios, logísticos e tecnológicos. Com planejamento, investimento e políticas públicas bem estruturadas, o Brasil poderá transformar o vento do mar em energia limpa, segura e competitiva.
Autor: Daker Riaso